O nome da cantora Claudia Leitte voltou a ser assunto nas redes sociais após uma alteração na letra de sua canção “Caranguejo”. Durante um show realizado no sábado (14), em Salvador, a artista substituiu o verso original “saudando a rainha Iemanjá” por “eu canto meu rei Yeshua”, referindo-se a Jesus em hebraico. O episódio ocorreu no evento “Soul D’Rua”, realizado no Candyall Guetho Square, espaço criado por Carlinhos Brown e sede da Timbalada.
A mudança, que havia gerado controvérsias anteriormente em fevereiro, voltou à tona após vídeos do show viralizarem na internet. Em 2014, o trecho alterado já havia causado polêmica quando um vídeo do DVD de Claudia foi compartilhado, levando às mesmas críticas.
Nas redes sociais, o tema ganhou novos desdobramentos após Pedro Tourinho, secretário de Cultura e Turismo de Salvador, publicar um texto em seu Instagram que muitos interpretaram como uma indireta à cantora. O assunto tomou ainda mais proporções com um comentário de Ivete Sangalo na publicação de Tourinho, intensificando a discussão.
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Carrossel sobre a repercussão do caso (Reprodução/ Instagram/@segueacami)
“Quando um artista se diz parte desse movimento, saúda o povo negro e sua cultura, reverencia sua repercussão e musicalidade, faz sucesso e ganha muito dinheiro com isso, mas, de repente, escolhe reescrever a história e retirar o nome de Orixás das músicas, não se engane: o nome disso é racismo”, escreveu Tourinho.
Por outro lado, Carlinhos Brown optou por não aderir às críticas contra Claudia Leitte. O músico e anfitrião do evento saiu em defesa de Claudia.
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Carlinhos Brown defende Claudia Leitte de críticas (Video: reprodução/Instagram/@portalibahia)
“O Guetho é uma casa laica. Todas as pessoas têm direito a ter suas manifestações. (…) [A atitude de Claudia] É uma coisa que eu não queria estar falando porque é polêmica, e eu tenho uma espiritualidade muito acentuada. Mas eu posso te garantir que Claudia Leitte não é uma pessoa racista”, afirmou Carlinhos.
Apesar da defesa de Brown, a polêmica segue mobilizando opiniões dividindo os fãs de axé music e críticos nas redes sociais.
A substituição do verso reacende debates sobre liberdade artística e respeito às referências culturais originais, especialmente em um cenário como Salvador, onde a tradição afro-brasileira desempenha um papel central na cultura local. Enquanto alguns defendem a escolha da cantora como expressão de sua fé, outros consideram a mudança uma afronta à representação de Iemanjá, uma das principais entidades religiosas de matriz africana.
A repercussão levou a Iyalorixá Jaciara Ribeiro e o Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro) a encaminharem uma representação ao Ministério Público da Bahia (MP-BA). Por meio da Promotoria de Justiça de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa, foi instaurado um inquérito para investigar um suposto ato de racismo religioso. A denúncia alega que a alteração pode configurar violação de bem cultural e de direitos das comunidades religiosas de matriz africana. Há também a possibilidade de responsabilização criminal no caso.
A polêmica reacende debates sobre o respeito às manifestações culturais e religiosas de matriz africana, especialmente em contextos como o da música baiana, que frequentemente dialoga com essas tradições. Por enquanto, a cantora Claudia Leitte não se pronunciou oficialmente sobre o inquérito ou as críticas e segue com agenda de shows a todo vapor. O caso segue em investigação.
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